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Experiências em sala de aula emocionam futuros docentes

LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO

Histórias de dedicação e superação foram destacadas no relatório final da disciplina Estágio II
publicado: 01/12/2017 12h07, última modificação: 01/12/2017 18h12

Aos 72 anos, Seu Inácio (nome fictício) teve uma vida marcada pelo trabalho duro. Deixou de lado a escola para fazer a vontade do pai, que sempre dizia a ele em alto e bom som: “Estudar não é necessário, você tem é que trabalhar”. Hoje, aposentado, voltou à sala de aula para recuperar o tempo perdido e sentir uma das maiores emoções de sua vida: escrever o próprio nome na carteira de motorista, tirada este ano.

“Foi um momento de muita alegria para o Seu Inácio. Ele quase foi às lágrimas. Foi uma satisfação conhecê-lo, uma pessoa esmerada, dedicado, ético, preocupado sempre em não incomodar ninguém”, conta, emocionado, Paulo Ricardo Franco, aluno da Licenciatura em Computação do IFSul/câmpus Pelotas.

Essa e outras experiências vividas em sala de aula estão registradas no relatório final da disciplina Estágio II, entregue por um grupo de seis alunos da Licenciatura da Computação que estagiaram como professores em uma escola privada e duas públicas de Pelotas. Eles foram orientados pelo professor Guilherme Rockembach, sob a supervisão da docente Bárbara Hees Garré.

As escolas públicas trabalhadas neste semestre, na disciplina Estágio II - voltada ao ensino fundamental -, foram o Colégio Pelotense e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Bibiano de Almeida. Nas duas, o público-alvo foram turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), além de uma turma do 6º ano, do Pelotense. Já na São Francisco de Assis, a única instituição de ensino particular envolvida, a atividade foi realizada com alunos do 9º ano.

Lembra do Seu Inácio? Então, o aposentado que vibrou ao escrever o próprio nome faz parte de uma turma especial de EJA da Bibiano de Almeida, que reúne alunos que estão iniciando o processo de alfabetização. Nesta escola, a missão de fazer pessoas, que por inúmeros motivos se afastaram da sala de aula, a enxergar um mundo novo ficou a cargo dos estagiários Vinícius de Andrade e Paulo Ricardo Franco. Já as estagiárias Cinthia Casagrande e Gabriela Nunes e Silva atuaram no Colégio Pelotense, em turmas do EJA e do 6º ano, respectivamente.

“Este estágio mexeu com esses futuros docentes, tirando cada um de sua zona de conforto. A atividade foi extremamente enriquecedora, pois a riqueza está na diversidade dos alunos, e isso engrandece ainda mais o estágio”, avalia o professor orientador Guilherme Rockembach, que, durante as 16 reuniões semanais com os estagiários, ouviu diversas histórias e relatos, que acabaram se transformando em um importante espaço para a troca de experiências entre eles.

Novidade

Neste semestre, a disciplina de Estágio II foi marcada por uma novidade. Pela primeira vez, alunos da Licenciatura em Computação estagiaram em uma instituição de ensino particular. Samuel Gomes Victor e Wesley Döring foram os pioneiros e comandaram mais de 50 alunos de uma turma do 9º ano, da Escola São Francisco de Assis.

Assim como a participação inédita, chamou também a atenção a qualidade do trabalho desenvolvido pela dupla, que, com o auxílio da tecnologia e em conjunto com os professores de Português, Literatura e Ciências da São Francisco de Assis, utilizou o tema central Biomas Brasileiros para incentivar produções acadêmicas interdisciplinares como poemas e até histórias em quadrinho.

“Os recursos tecnológicos podem proporcionar aos estudantes e também para nós, como futuros professores, diferentes possibilidades de ensino-aprendizagem, que potencializam o desenvolvimento dos conteúdos de forma que estes possam ser trabalhados de forma dinâmica, gerando uma aprendizagem construtiva na vida do aluno”, comenta Wesley Döring.

A Irmã Maria Cecilia Merchiori, diretora da Escola São Francisco de Assis, lembra que a tecnologia não afasta o relacionamento humano. Segundo ela, além de positivo, o trabalho dos estagiários trouxe novas perspectivas.

“Percebemos o quanto as tecnologias aproximam o educando da prática pedagógica e da relação e convivência positiva com o estagiário. O controle de turma se dá na dinâmica dos trabalhos, na metodologia diferente que envolve o aluno na proposta”, ressalta.

Para a professora Bárbara Hees Garré, titular da disciplina de Estágio II, da Licenciatura em Computação, o estágio vai além da própria experiência docente.

“O estágio é uma troca. Algo precisa ficar, ou seja, o futuro professor que está estagiando precisa deixar algo positivo para os alunos, não só se apropriar daquele espaço de sala de aula. Do mesmo modo, a diversidade e a experiência de vida de cada aluno acabam contribuindo também para a formação desse professor”, observa Bárbara, que acredita que a experiência inédita na São Francisco de Assis vai abrir portas para outros estagiários do curso no segmento da educação privada.

A Licenciatura em Computação do IFSul/câmpus Pelotas iniciou suas atividades em 2012. Em sua grade curricular constam quatro disciplinas de estágio, numeradas de 1 a 4, cada uma com um público-alvo de atuação diferente: ensino médio (1), ensino fundamental (2), área específica da informática (3) e extensão (4).