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Grupo do bacharelado em design vence maratona online do IFSul

CRIATIVIDADE

Equipe campeã do desafio batizado de Hackathon projetou um dispenser de álcool 70º para ser utilizado no transporte coletivo de Pelotas
publicado: 16/06/2020 16h04, última modificação: 16/06/2020 16h04

O LEP-19, grupo formado por uma professora e cinco estudantes do bacharelado em design do câmpus Pelotas, foi o grande vencedor da “Maratona Especial – Hackathon online Desafio Covid-19”, evento promovido pelo IFSul para o desenvolvimento de ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

Para conquistar o primeiro lugar, a equipe criou um dispenser de álcool 70º para ser utilizado nos ônibus que integram o transporte público de Pelotas. Projetada para ser produzida por meio de impressão em 3D, a ideia surgiu após debates ente os componentes do grupo, durante a maratona online que reuniu vários câmpus do IFSul.

“Desde o início, o grupo se mostrou bastante preocupado com a questão do transporte público, pois foi um setor que não parou suas atividades em nenhum momento, apesar do isolamento mais rígido no início da pandemia. Também pensamos em todos estudantes de diferentes instituições que precisam se deslocar até suas aulas, no retorno às atividades, e queríamos aumentar a segurança nessa atividade. Então, em consenso, decidimos focar nessa problemática para desenvolver nosso projeto”, explica Mariana Piccoli, professora do bacharelado em design e membro do LEP-19.

Mariana conta que, nas 96 horas de duração da Hackathon, os participantes tinham que desenvolver soluções criativas e inovadoras relacionadas ao enfrentamento dos problemas causados pela pandemia de covid-19, para, então, disponibilizar à sociedade, órgãos de saúde, dentre outros, soluções, produções e serviços originados a partir dessa iniciativa.

Como o método de trabalho era livre, o LEP-19 utilizou a metodologia Design Sprint, composta por cinco etapas: Entender, Divergir, Decidir, Prototipar e Validar. Conforme  a docente, o grupo executou praticamente uma etapa por dia, gerando muita discussão e desenhos de alternativas.

Ao final do período das 96 horas,  os resultados de todos os concorrentes deveriam ser submetidos através de um vídeo de apresentação do projeto (pitch), de 2 a 3 minutos, e uma descrição da solução com base na ferramenta Project Model Canvas, descrevendo desde a justificativa, objetivo e requisitos até os riscos, custos e restrições da proposta.

>>> ASSISTA AO VÍDEO DE APRESENTAÇÃO FEITO PELO LEP-19

Na opinião do LEP-19, o projeto do dispenser de álcool 70º venceu o desafio proposto pelo IFSul por apresentar uma solução prática frente a um problema enfrentado diariamente pela população nesta pandemia, que é a altíssima probabilidade de circulação e disseminação do novo coronavírus no transporte coletivo.

Segundo os vencedores, o dispenser é de fácil produção por meio de impressão 3D, um método conhecido e bastante utilizado também na fabricação de outros produtos focados na pandemia. Além disso, eles também destacam que a solução do projeto tem como parceria a própria produção de álcool no IFSul, o que acaba sendo também uma forma de expandir a disponibilização desse produto.

Por enquanto, o dispenser só existe no papel, mas o objetivo é que nos próximos meses seja feito o detalhamento e os testes de protótipos, para, então,  iniciar a produção e distribuição do produto. A bolsa mensal que será concedida para cada aluno integrante do LEP-19, como prêmio pela vitória na Hackathon, vai permitir que os estudantes continuem se dedicando ao projeto. A meta final é a instalação de, no mínimo, 150 dispênseres, atendendo 50% da frota atual de coletivos de Pelotas e mais 45 unidades para as paradas de ônibus mais movimentadas da cidade.

Com os ajustes finalizados e o protótipo aprovado e validado, o passo seguinte é disponibilizar todos os arquivos referentes à impressão 3D e os manuais de produção e uso do dispenser, de forma digital e gratuita, para que a solução possa ser replicada em diversos locais, atingindo mais usuários do transporte coletivo. A equipe também vai executar o projeto gráfico de cartazes e adesivos que acompanharão o produto nos locais públicos, incentivando as pessoas a utilizarem o álcool 70° e lembrando-as de sua importância na campanha de prevenção à covid-19.

A produção em série dos dispênseres contará com a utilização de impressoras 3D disponíveis no câmpus Pelotas, assim como a distribuição e instalação do produto em ônibus e locais públicos da cidade. Conforme o LEP-19, o edital da Hackathon não contemplava verba para compra de material de consumo - como os filamentos para impressão 3D, por exemplo. Por isso, esse material será utilizado em parceria com outros projetos em andamento no câmpus. 

Design como solução de problemas 

O grupo vencedor da “Maratona Especial – Hackathon online Desafio Covid-19” é formado pela professora Mariana Piccoli e pelos estudantes Camila Brodt, Eric Vellar Gomes, Juliana Bório, Tamires Ramos Aldrighi e Vitória Ritter, todos acadêmicos do curso de bacharelado em design.

O sexteto campeão entrou na competição justamente por causa do tema proposto. É que anteriormente o grupo já havia trabalhado no desenvolvimento de um novo modelo de protetor facial, também para ser utilizado durante a pandemia.

“Vimos a Hackathon como uma possibilidade de gerar mais soluções de design para a área da saúde e entendermos mais sobre esse papel social do design em um momento tão delicado pelo qual estamos passando. Somou-se a essa motivação a disponibilidade de tempo, a vontade da equipe de estar envolvida no meio acadêmico novamente e até a saudade de projetarmos juntos, mesmo que a distância”, ressalta Mariana Piccoli.

Tanto a professora quanto seus alunos enxergam a Hackathon como uma grande iniciativa e estímulo para a comunidade acadêmica, que promove o pensar em causas sociais e desenvolvimento de soluções para as mesmas. Eles acreditam que iniciativa poderia acontecer regularmente dentro das universidades, como forma de incentivar a aplicação do conhecimento gerado dentro do espaço acadêmico na resolução de problemas e demandas da sociedade e comunidade local.

“Claro que é fundamental o envolvimento de docentes e acadêmicos, mas parece que, no IFSul, o que não falta são pessoas dispostas e motivadas a atuarem em diferentes segmentos”, completa Mariana.

A docente diz que o primeiro lugar conquistado na maratona online teve um sabor todo especial para o LEP-19 – a origem do nome do grupo vem da sigla de Laboratório de Experimentos em Prototipagem, onde os cinco alunos atuam como voluntários, sob a responsabilidade da professora Mariana, somada ao algarismo 19, numa referência a 2019, ano de descoberta da covid.

Ela ressalta que o grupo teve a oportunidade de trabalhar em um projeto que realmente pode fazer a diferença na vida das pessoas, além de reforçar a importância do design na solução de problemas.

“Design é muito mais que deixar os produtos bonitos, é solucionar problemas, entendendo as pessoas e suas necessidades. Além do processo criativo que foi muito divertido, desenvolver o projeto e ver toda a equipe focada, todos caminhando e pensando no bem maior, foi extremamente gratificante. Estamos muito felizes com o resultado. A equipe estava muito satisfeita com a solução desenvolvida, sabíamos que era um projeto muito viável e relevante, mas saber que a banca avaliadora também viu da mesma forma e que teremos esse apoio da instituição para desenvolvê-lo e aplicá-lo de fato para uso da população, nos deixa imensamente felizes. Quando às demais equipes, vimos muitos trabalhos ótimos e extremamente relevantes e estamos torcendo para que elas também continuem desenvolvendo suas ideias”, finaliza. 

Sobre a Hackathon 

O termo Hackathon nasceu da junção dos termos hack (do inglês e nesse contexto, em tradução livre, com o sentido de desenvolver programas de computador com expertise) e marathon (do inglês, em tradução livre, maratona). Dessa forma, a Hackathon se caracterizou, originalmente, pela reunião de programadores e outros profissionais ligados ao desenvolvimento de software, de forma intensiva e num determinado intervalo de tempo, para criação de soluções para um dado desafio.

Atualmente, a partir do sucesso da abordagem, as hackathons não mais se limitam a participantes ligados ao mundo da computação e da tecnologia. Pelo contrário, cada vez mais as maratonas estão sendo estruturadas de forma multidisciplinar, agregando participantes das diferentes áreas do conhecimento para a produção de propostas inovadoras, com potencial de enfrentar, em curto e médio prazo, os desafios propostos.

A “Maratona Especial – Hackathon online Desafio Covid-19” é uma iniciativa do IFSul, por meio das suas pró-reitorias de Ensino (Proen), de Pesquisa, Inovação e Pós- graduação (Propesp) e de Extensão e Cultura (Proex). A proposta dessa edição foi reunir docentes e estudantes de todos os cursos, níveis e modalidades para o desenvolvimento de soluções viáveis ao enfrentamento da covid-19.