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Série de matérias especiais celebra os 73 anos do câmpus Pelotas

Para celebrar o aniversário de 73 anos do câmpus Pelotas, a equipe da Comunicação Social publicará, entre os dias 10 e 14 de outubro, uma série com quatro matérias especiais, que resgatam momentos relevantes da trajetória da escola e episódios contados por pessoas que ajudam ou ajudaram a construir essa história de sucesso que já dura mais de sete décadas.
publicado: 10/10/2016 00h00, última modificação: 14/02/2017 17h23

Para celebrar o aniversário de 73 anos do câmpus Pelotas, a equipe da Comunicação Social publicará, entre os dias 10 e 14 de outubro, uma série com quatro matérias especiais, que resgatam momentos relevantes da trajetória da escola e episódios contados por pessoas que ajudam ou ajudaram a construir essa história de sucesso que já dura mais de sete décadas.

Através deste projeto, a expectativa é que os leitores possam conhecer um pouco mais sobre a atuação do câmpus Pelotas como instituição de ensino pública e gratuita, seja na área do ensino, da pesquisa ou extensão, e as perspectivas futuras para esta que é a maior unidade do IFSul, hoje com 218 técnico-administrativos, 417 professores (efetivos e substitutos), 136 funcionários terceirizados e cerca de 5 mil alunos matriculados em cursos técnicos, superiores e de pós-graduação.

Na primeira matéria especial da série, saiba um pouco mais sobre como tudo começou e confira algumas histórias sob a ótica do servidor mais antigo do câmpus em atividade, de um professor aposentado e de um ex-aluno, hoje delegado da Polícia Federal.

MATÉRIA 1 (10.10.16)

Fazendo história

altSucessora da Escola de Artes e Officios, a Escola Técnica de Pelotas (ETP) foi criada através do Decreto-lei nº 4.127 de 25 de fevereiro de 1942, subscrito pelo presidente Getúlio Vargas e pelo ministro da Educação, Gustavo Capanena, e federalizada em 11 de outubro de 1943.

Começou suas atividades com cursos de curta duração (ciclos). Neste primeiro ciclo do ensino industrial, os cursos estabelecidos foram de Forja, Serralheria, Fundição, Mecânica de Automóveis, Máquinas e Instalações Elétricas, Aparelhos Elétricos, Telecomunicações, Carpintaria, Artes do Couro, Marcenaria, Alfaiataria, Tipografia e Encadernação.

Em 1959, a ETP transformou-se em uma autarquia federal e foi renomeada como Escola Técnica Federal de Pelotas, a ETFPel, em 1965. Em 1994, o Ministério da Educação (MEC) encaminhou ao Congresso Nacional a proposta de um Sistema Federal de Educação, onde todas as escolas técnicas federais seriam transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets). A ETFPel deu origem ao Cefet/RS em 1999.

Já no dia 29 de dezembro de 2008, a lei nº 11892 foi sancionada no país e criou os institutos federais. Com isso, o Cefet/RS deu lugar ao atual IFSul, composto por 14 câmpus, implantados em diferentes regiões do Rio Grande do Sul.

E o, hoje, câmpus Pelotas foi o embrião de tudo isso. A instituição de ensino construiu sua história alicerçada na educação pública, gratuita e de qualidade, como pilar para a formação cidadã. Em mais de sete décadas de serviços prestados, tornou-se referência e conquistou posição de destaque no cenário educacional. Com diversos projetos reconhecidos e premiados nas mais importantes feiras e mostras tecnológicas do país e do exterior, tem focado seus esforços principalmente na pesquisa aplicada, como forma de desenvolver soluções criativas para problemas reais da sociedade.

Exalando cultura

Ele não é pelotense nato e nem foi aluno da saudosa Escola Técnica. Mas isso acaba sendo um grão de areia em meio ao oceano de histórias, cultura e paixão pela instituição em que foi transformada a vida de Jorge Moraes. Nascido em Rosário do Sul, no dia 29 de dezembro de 1944, o professor aposentado é figura conhecida no câmpus Pelotas, tanto por sua dedicação profissional como também pelo seu amor incondicional às tradições gaúchas.

Moraes é daqueles que dificilmente passam despercebido. Com um timbre de voz grave, inconfundível, e o português impecável, ele é uma das figuras mais carismáticas que circulam pelo câmpus. Apesar de estar aposentado há mais de 24 anos, tem a escola como a segunda casa e um santuário para exaltar o passado. Tanto que é um dos principais organizadores do famoso Encontro de Ex-alunos da ETP/ETFPel, que já está em sua 9ª edição – será realizado nos dias 15 e 16 de outubro, em Porto Alegre.

alt“Sempre recebemos a consideração de colegas e alunos. A coordenação de atividades extracurriculares nos aproximou acentuadamente”, diz Moraes sobre a sua forte ligação com o câmpus, onde, à época, foi professor orientador do Diretório Estudantil e do CTG Carreteiros do Sul, conselheiro da Banda Marcial e do Centro Cívico, entre outros projetos.

Em 20 anos como docente de língua portuguesa e literaturas brasileira e portuguesa, Moraes acredita que tenha contribuído para a formação de mais de 12 mil alunos. Querido por todos, foi paraninfo em três oportunidades e professor homenageado outras cinco vezes.

Não é de se estranhar que Jorge Moraes também tenha se destacado na telinha. Ele conta que foi apresentador dos boletins de notícias exibidos pela então TV ETFPel, que retransmitia, na década de 1980, o sinal da Televisão Educativa (TVE), fruto de um convênio institucional que atendia aos interesses da comunidade local e de professores e alunos, que tiveram a oportunidade de vivenciar o processo de montagem e manutenção de equipamentos.

“As apresentações eram feitas nos intervalos dos turnos da manhã, da tarde e da noite. Os boletins eram assistidos pela comunidade acadêmica em aparelhos de TV instalados na Sala dos Servidores e no Pavilhão Bonat”, detalha.

A história da Escola Técnica, a todo momento, é revivida por Moraes. Entre uma pergunta e outra, o professor aposentado vai acrescentando à entrevista fatos que somente um apaixonado pela instituição poderia trazer à tona com tanta riqueza de detalhes, como o ingresso de alunas em cursos técnicos, permitido somente a partir de 1967, a oferta de cursos noturnos e o advento da informática, que trouxe maior celeridade às rotinas administrativas da instituição.

Moraes se diz um apaixonado pelas tradições gaúchas e faz questão de reverenciá-las, seja por meio do típico aperto de mão gaudério ou de poesias declamadas que enaltecem diversos aspectos da cultura do Rio Grande do Sul. Tamanha bagagem o credenciou com louvor para ocupar cadeiras nas academias Pelotense e Sul-Brasileira de Letras – é membro titular nas duas entidades.

Formado em Letras pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e com especializações em Didática e Currículo, pelo Ministério do Exército e pela Faculdade de Terni, na Itália, respectivamente, Moraes sente-se à vontade para destacar, na sua opinião, dois momentos distintos no processo de evolução da educação profissional e tecnológica e a importância desta modalidade de ensino para os jovens.

“Foram dois momentos importantes. O primeiro, entre as décadas de 1950 e 1970, quando as famílias enxergavam a nossa escola como um local onde seus filhos teriam a oportunidade de se formarem técnicos e assegurarem o seu futuro. Depois, após a década de 1970, os jovens nos procuravam pela qualidade do ensino, como forma de se prepararem em alto nível para o vestibular. Veja que, ser técnico, já não era o foco, mas sim reunir condições para se tornarem advogados, médicos, engenheiros, etc.”, explica.

Casado, pai de cinco filhos e avô de três netos, Moraes é presença confirmada no Chá dos Aposentados, um dos eventos comemorativos aos 73 anos do câmpus Pelotas, marcado para o dia 27 de outubro. Aliás, sobre a data comemorativa, ele faz questão de deixar uma mensagem:

“Sou um dos abençoados em ter trilhado o caminho da educação. Deus nos deu o privilégio de ter, nesse percurso de tanto idealismo, parceria inestimável de inesquecíveis colegas. Colegas que se fizeram amigos; os amigos tornaram-se irmãos; e os irmãos eternizaram-se”, finaliza. 

O delegado aficionado por tecnologia 

altO ano era 1989, e o câmpus Pelotas do IFSul ainda era ETFPel. Foi nesse período que teve início a admiração do então adolescente Cássio Berg Barcellos pela nossa escola. Ex-aluno do curso técnico em eletrônica, o hoje delegado da Polícia Federal lembra com muito carinho do tempo em que estudou aqui e das amizades que fez. Para ele, a instituição de ensino foi muito mais que uma escola. Foi, na verdade, a referência que todo jovem precisa ter para pensar o seu futuro com muito mais seriedade.

“Sempre gostei de tecnologia, e, na época, para mim, a melhor opção seria o curso técnico em eletrônica”, diz Cássio Berg, que, antes de fazer o processo seletivo, esteve na então ETFPel para conhecer os cursos oferecidos, onde, segundo ele, foi muito bem acolhido.

Berg se formou em 1991. A passagem por aqui pode até ter sido curta, mas as recordações dele em relação à convivência com colegas e professores parecem infinitas. Vinte e cinco anos depois, vasculhando seus arquivos para atender à esta reportagem, achou duas fotos da época. Uma com os colegas de curso e outra da turma com alguns professores da eletrônica.

“A vida leva todo mundo por caminhos muito diferentes, mas tenho contato com alguns colegas espalhados pelo Brasil”, destaca.

Lembra, inclusive, de um desses colegas, que tinha problemas de visão, mas não admitia. A turma se mobilizou, e o rapaz foi praticamente carregado até um consultório para uma avaliação.

“A instituição não só se preocupava em ensinar as matérias, mas também em auxiliar em questões pessoais. Neste caso específico, foi constatado que o colega precisava de óculos, no entanto, ele não tinha condições financeiras para isso. A escola bancou tudo, e esse menino acabou se formando e se tornando um grande profissional no ramo das telecomunicações”, conta.

Ao falar da nossa escola, Berg revela um certo carinho e um profundo sentimento de gratidão. Graduado em Direito e com especialização na área, o ex-aluno da ETFPel foi professor, de 2009 a 2014, nas disciplina de Processo Penal, Direito Tributário e Prática Processual Penal na Faculdade Atlântico Sul de Pelotas – atual Anhanguera. Tornou-se delegado da Polícia Federal em 2003, em Naviraí (MS), assumindo o mesmo posto, em Pelotas, em 2004.

Bem-sucedido na carreira, o menino apaixonado por tecnologia cresceu, virou delegado renomado, mas nunca se esqueceu do lugar onde praticamente tudo começou.

“A todos os profissionais do passado e do presente, o meu muito obrigado por fazerem parte da minha vida, e os meus parabéns pela excelência nas atividades”, deseja Cássio Berg, pela passagem do aniversário de 73 anos da escola.

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Experiência a serviço da educação

Sessenta e cinco anos de idade, sendo 44 deles dedicados à nossa escola. As mais de quatro décadas dedicadas à educação fazem de Antônio Carlos Jaekel o servidor mais antigo em atividade na Casa. O professor do curso técnico em telecomunicações não faz a menor ideia de quantas turmas passaram por suas disciplinas, mas sabe que foi importante para o futuro profissional de muitos jovens, que depositaram na instituição suas esperanças de um futuro melhor.

Jaekel é egresso do curso técnico em eletrônica. Formou-se em 1970 e, em fevereiro de 1972, começou a lecionar no curso técnico em telecomunicações. Solteiro, sem filhos, conta que, durante boa parte da carreira profissional, optou por se aperfeiçoar na área de uma forma diferente da de muitos colegas docentes.

“Não fiz especialização, mestrado ou doutorado, mas investi meus recursos e meu tempo em livros. Em termos de conhecimento, para o desempenho de minhas atividades, para fazer o que faço, não me sinto menor que outros professores”, garante Jaekel, que chegou a fazer licenciatura específica (antigo esquema II) para poder lecionar em cursos técnicos. Na telecomunicações, ministra atualmente a disciplina de eletrônica digital, mas contabiliza, ao longo dos anos, no currículo, outras quatro: eletrônica geral, análise de circuitos, telefonia e microprocessadores.

altJaekel também emprestou sua experiência à administração escolar, na área de processamento de dados, nas gestões dos diretores João Manoel de Sousa Peil e Edelbert Krüger. O professor conta que ajudou a agilizar todas as etapas de apuração e divulgação das listas dos aprovados nos processos seletivos e o lançamento de notas dos alunos para efeito de registros acadêmicos, trabalhos realizados antes de forma quase que manual.

Na década de 1980, Jaekel foi um grande colaborar no processo de estruturação do então estúdio de TV da ETFPel. Ele destaca que o projeto tinha dois objetivos. O primeiro era atender um projeto do setor pedagógico da época, o chamado microensino, onde os professores eram colocados em estúdio, simulando uma sala de aula, e gravados em vídeo, para que seus desempenhos fossem analisados posteriormente. O outro era um jornal, com notícias da escola, transmitidos às quartas-feiras (manhã, tarde e noite), com o intuito de replicar conteúdos para várias turmas, de uma só vez, através de aparelhos de TV instalados em salas de aula.“Fazíamos também audiovisuais para divulgar a escola e seus cursos”, acrescenta.

Entre os fatos mais marcantes citados por Jaekel ao longo desses 44 anos, está a evolução tecnológica. No início, o curso de telecomunicações trabalhava com rádio e televisão apenas, e os telefones eram a disco ou à manivela. Hoje, com o boom tecnológico, o professor admite que é necessário grandes investimentos para poder acompanhar a velocidade das transformações tecnológicas.

Homenageado duas vezes em formaturas, Jaekel vive intensamente o dia a dia da escola. Como todo trabalhador, pretende se aposentar em algum momento, mas revela que ainda não tem um projeto para a vida fora da sala de aula.

“Não me sinto com 65 anos. Me sinto bem mais novo, porque o ambiente escolar me renova a cada dia. Enquanto eu estiver aqui, convivendo com a gurizada, eu acredito que estarei sempre por dentro das coisas”, ressalta.