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Tese de professor do IFSul dá origem a equipamento único no mundo no processamento de polpa de frutas

O professor do curso de engenharia química do câmpus Pelotas, Ricardo Toralles, tem muito do que orgulhar. Isso porque a sua tese rendeu um aparelho único não só na região, mas no país e no mundo.
publicado: 20/07/2016 00h00, última modificação: 14/02/2017 17h41

O professor do curso de engenharia química do câmpus Pelotas, Ricardo Toralles, tem muito do que orgulhar. Isso porque a sua tese rendeu um aparelho único não só na região, mas no país e no mundo. Trata-se do termoinativador enzimático tubular contínuo. O nome parece difícil, mas a ideia faz todo o sentido: fabricar polpa e purê de frutas com qualidade e matéria-prima nacional. Você pode pensar que isso é algo comum e que já vinha sendo feito no Brasil, mas não é bem assim.

A máquina foi criada através de uma parceria com a Embrapa e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), rendendo a primeira carta patente da UFPel. O equipamento, aparentemente simples, surgiu de um estudo aprofundado de Toralles, que começou há mais de 15 anos. A ideia foi plantada quando um empresário da região procurava por uma boa polpa de fruta processada. À época, o produto era importado principalmente do Chile, em detrimento ao que era produzido no Brasil.

Até então, no Brasil, só havia a polpa em pedaços, sem ser processada, própria para compotas. Não existia nem o processo ideal para obtenção da polpa e nem a matéria prima necessária. Assim, o processo começou com a análise de diversas cultivares. Pêssegos de diferentes lugares foram analisados para o levantamento de suas características. Diversos fatores foram levados em conta: sabor, acidez, concentração de açúcar, entre outros.

Feito o levantamento, o estudo acerca do processo de produção da polpa processada e do purê de frutas se intensificou. O purê é base, por exemplo, para sucos e sorvetes. Imagine, portanto, que esta commodity básica e amplamente utilizada na obtenção destes produtos seja importada, valorizando os produtos e o mercado estrangeiro em detrimento do nacional. Assim, além de dar a devida atenção às cultivares locais, o aparelho ainda busca manter as qualidades da fruta, evitando que fique escura e perca o sabor, algo que acontecia no processo utilizado em outros países, por exemplo.

O termoinativador enzimático evita o escurecimento da fruta ao trabalhar com tempo e temperatura. O aparelho surgiu através de estudos envolvendo o pêssego, mas serve para outras frutas. O que muda no processo são a velocidade e a temperatura reguladas na máquina. O funcionamento do protótipo é simples: a fruta é colocada em uma abertura na extremidade, passando por um tubo que possui um eixo no centro; o alimento recebe calor do eixo e das paredes externas do tubo. O produto final sai na outra extremidade do aparelho.

A diferença no processo e no resultado é grande. A metodologia comumente utilizada é primária se comparada à novidade: o pêssego era exposto diretamente em água quente, fazendo com que a fruta perdesse cor e sabor. O escurecimento enzimático ainda ocasiona perda de valores nutricionais, o que também é mantido com o termoinativador.

Toralles finalizou sua tese em 2004; já o registro provisório do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) foi entregue às instituições envolvidas em 2006. A definição do registro de patente veio em 2015, depois que foi confirmado o ineditismo do aparelho no mundo todo. Também recebem créditos pela invenção João Luiz Silva Vendruscolo, Francisco Augusto Burkert Del Pino e Claire Tondo Vendruscolo.