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Câmpus Pelotas aposta em trio de novatos para aumentar número de medalhas em Olimpíadas

TALENTO

Diogo Marth (QUI), Camile Sousa (TRO) e Mateus Xavier (TRO) estão sendo monitorados pela equipe de preparação da instituição
publicado: 07/06/2019 10h58, última modificação: 07/06/2019 10h58

Eles são novatos no câmpus Pelotas, mas já carregam no currículo algumas premiações em importantes competições estudantis do país, como as Olimpíadas Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) e Brasileira de Astronomia (OBA). Por conta de resultados positivos ainda em suas antigas escolas, no ensino fundamental, Diogo Marth, da Química; Camile Sousa e Mateus Xavier, ambos da Eletrônica; ingressaram este ano na instituição e estão na mira dos professores responsáveis pela preparação dos estudantes para futuros desafios envolvendo cálculos e muito raciocínio.

“São alunos com grandes chances de premiação e medalhas nas principais olimpíadas do país. Estamos de olho em cada um deles, para auxiliá-los e ajudá-los a desenvolver ainda mais este potencial, dentro do trabalho que já vem sendo realizado com os demais alunos do câmpus Pelotas que participam de diferentes competições do gênero”, afirma o professor de matemática Júlio Mohnsam, que integra a equipe de preparação no câmpus.

Evolução

Natural de São Lourenço do Sul, Diogo Marth foi o primeiro colocado no Vestibular de Verão 2019 do IFSul para o curso técnico integrado em química. Acertou 36 das 40 questões da prova, com um desempenho quase impecável em matemática – errou apenas uma das dez questões. Ele conta que, desde pequeno, sempre gostou muito de estudar e, não raro, era destaque da turma, principalmente pela facilidade em lidar com os números. Em 2015, deu o salto que faltava.

“No sexto ano do ensino fundamental fiz a minha primeira prova da Obmep, em 2015. Quando fui classificado para a segunda fase, comecei a dar mais atenção à matemática e a me interessar mais por ela”, diz o estudante de 15 anos, bronze na Obmep em 2015 e 2016 e prata em 2017.

A partir daí, Diogo não parou mais. Intensificou seus estudos, sua preparação, e, em 2018, conquistou a medalha de ouro na Obmep. Por conta disso, ganhou da comissão organizadora do evento um curso de matemática, com tudo pago, em São Paulo, realizado entre os dias 25 de maio e 2 de junho deste ano.

“Passei uma semana em São Paulo estudando para olimpíadas de matemática mais avançadas, como a OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática), a Olimpíada de Matemática do Cone Sul e a IMO (Olimpíada Internacional de Matemática). O conteúdo é realmente mais complexo e é mais difícil entendê-lo, porém, aprendi bastante e continuo estudando a matéria em casa”, comenta Diogo, que afirma que não teria conseguido nada disso sem o apoio incondicional da família.

Em apenas quatro meses de IFSul, o guri de São Lourenço do Sul já mostrou a que veio. Avançou para a segunda fase da Obmep 2019 e da II Olimpíada de Matemática dos Institutos Federais (Omif). Em agosto, embarca para Salvador, na Bahia, para receber a medalha de ouro da edição passada da Obmep.

“Pretendo tirar uma boa colocação na Obmep deste ano para ter a oportunidade de fazer a OBM 2019 e tentar conseguir uma medalha nela também”, almeja.

 

Créditos/foto: Prefeitura Municipal de São Lourenço do Sul

100% matemática

A pelotense Camile Sousa chegou ao câmpus Pelotas como sensação. Foi a primeira colocada geral do Vestibular de Verão 2019, com 37 acertos – de um total de 40. Não bastasse isso, ainda gabaritou a prova de matemática, que, na opinião dela, foi “tranquila”. A relação da estudante com a disciplina cheia de cálculos e fórmulas, que deixa muita gente de cabelo em pé, pode se dizer que é de amor.

“Lembro de estar ainda no 3º ou 4º ano e responder que matemática era minha matéria preferida, quando perguntada, o que mudou um pouco ao passar dos anos, mas ela nunca saiu do top 3. Só sei que sempre me diverti resolvendo problemas e tentando entender mais a fundo como essa área funciona. Posso dizer que, desde o início, tenho tido muito facilidade, sim. É uma das únicas matérias, junto com o inglês, em que consigo fixar o conteúdo por um bom tempo, sem esquecer de detalhes”, conta a aluna de 15 anos, do curso técnico integrado em eletrônica.

O gosto pela matemática já rendeu a Camile duas medalhas de ouro, uma nas Olimpíadas Regionais do IFSul, em 2017, e outra na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), em 2018. Entretanto, engane-se quem pensa que bons resultados vêm apenas com paixão.

“A história muda quando se trata de olimpíadas, já que exigem muito mais do aluno do que problemas triviais de sala de aula”, destaca a estudante, que não abre mão de uma intensa rotina de estudos para enfrentar as dificuldades habituais das principais competições estudantis envolvendo cálculos.

Ainda no ensino fundamental, quando era aluna do Colégio Gonzaga, Camile já frequentava o câmpus Pelotas, onde participava das aulas do Polo Olímpico de Treinamento Intensivo (Poti) para competições de matemática. O Poti é um programa que tem como objetivo principal melhorar o desempenho dos alunos brasileiros neste tipo de competição, através do financiamento de aulas presenciais em polos que apresentem demanda e estrutura adequada para esta finalidade.

“A importância do Poti para o meu alto desempenho foi gigante, com certeza. Graças ao professor (de matemática, do câmpus Pelotas) Júlio Mohnsam, que aplicou o curso em 2018, tive contato com matérias que eu nem fazia ideia que existiam, e que não são ensinadas nas escolas tradicionais”, avalia.

Mais experiente e em constante preparação, Camile projeta agora seu futuro em três grandes olimpíadas, nas quais já conseguiu avançar de fase este ano: Obmep, OBA e Omif.

“Tendo em vista que tanto a Obmep quanto a Omif abrangem conteúdos dos três anos do ensino médio convencional e eu mal cheguei na metade do primeiro, fiquei satisfeita com os meus resultados na primeira fase de ambas. Pretendo estudar uma boa parte do conteúdo do resto do ensino médio para a Obmep, além de assuntos mais específicos, como os disponibilizados nas apostilas do Poti e do PIC (Programa de Iniciação Científica). Por ter um aumento na dificuldade e ser decisiva quanto à premiação e seleção para participação de olimpíadas ainda mais exigentes, como a OBM, há uma certa pressão em participar da segunda fase, principalmente por ser a minha primeira vez. Participei da Obmep outras duas vezes (oitavo e nono anos), mas a competição era bem acirrada e havia pouquíssimas vagas na minha escola da época. Já que tenho mais alguns meses de treinamento e estou fazendo o curso preparatório disponibilizado pelo próprio IFSul, me sinto confiante de que ainda vou evoluir muito durante esse tempo”, analisa.

Menos otimista em relação à OBA, Camile aponta algumas razões pelais quais acredita que não terá um resultado “tão bom” este ano.

“Acho que nesse ano não vai dar. No máximo, talvez um bronze. Acho que tem algo a ver com a mudança súbita do nível III para o IV, já que o nível III inclui alunos do sexto ao nono anos, o que me deu uma certa vantagem e acabei gabaritando e ganhando ouro ano passado.”, explica.

Créditos/foto: arquivo pessoal

Escolha certa

Nascido, criado e ainda residindo na vizinha Rio Grande, Mateus Xavier, na teoria, teria todas as razões do mundo para escolher o câmpus Rio Grande do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, o IFRS, para cursar o ensino médio. Isso na teoria, porque, na prática, o fator família acabou pesando demais em sua decisão.

“Desde pequeno eu sou bastante influenciado a ir para o IFSul. Meu pai fez Edificações e minha mãe, Telecomunicações. Além disso, tenho familiares que já estudaram ou estudam na instituição, e todo mundo  sempre me falou que o IFSul é uma ótima escola, que eu não me arrependeria, por conta da excelência acadêmica e estrutura”, comenta o estudante de 15 anos, do curso técnico integrado em eletrônica.

A matemática surgiu naturalmente na vida de Mateus. Desde criança, ele conta que já gostava da disciplina e também era bastante incentivado pela mãe a estudar. O jovem lembra até de um presente inusitado que recebeu da avó, ainda na infância, mais especificamente no Dia das Crianças, que praticamente explica o fascínio dele pela matemática.

“Ganhei um livro com contas e problemas de matemática, envolvendo operações básicas, como adição, subtração, divisão e multiplicação. Resolvi aquele livro em tempo recorde. Então, desde pequeno, eu já venho tendo gosto, aptidão, pela matemática”, conta.

Mateus acredita que o talento para a matemática é importante, aliado à facilidade que ele demonstra ao encarar a área das exatas. Contudo, o estudante adverte que, apesar de dominar o assunto, não se pode nunca abrir mão de estudar.

“Todas as minhas premiações foram fruto de muito estudo. Durante as competições, eu sentava todos os dias à tarde e estudava duas, três horas por dia. Além disso, é necessário organização, planejamento para estudar. Não é só folhear o caderno, os livros, é preciso traçar metas, caminhos”, afirma Mateus, medalha de bronze e prata, respectivamente, nas Obmeps de 2016 e 2017, além de duas menções honrosas, nesta mesma competição, em 2015 e 2018.

E a chance do ouro inédito pode acontecer ainda este ano. Mateus já está na segunda fase da Obmep, e a rotina de estudos já foi intensificada, garante.

“Vou me esforçar bastante para buscar este ouro. Apesar de o nível de dificuldade ser muito alto nesta fase, acredito que posso me sair muito bem. Com preparação, tudo é possível”, avalia o estudante, que adianta que foi “razoavelmente bem” na OBA e receberá, sim, alguma premiação.

Em relação à Olimpíada Brasileira de Física (OBF) 2019, ele diz que, por ter atingido uma nota de corte superior a de anos anteriores, é muito provável que avance também à segunda fase desta competição.

Créditos/foto: arquivo pessoal