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Luis Artur Borges recebe homenagem

HOMENAGEM

Servidor faleceu no último domingo (1º), vítima de infarto
publicado: 02/04/2018 16h19, última modificação: 02/04/2018 16h59

O servidor Wagner Passos prestou uma homenagem a Luis Artur Borges Pereira, falecido ontem (1º), vítima de um infarto. Em seu texto ele ressalta a importância da vida e da trajetória de Luisinho e a falta que fará o amigo para todos do IFSul/câmpus Pelotas.

Confira o texto:

"Sou Eu, O Homem”
* título do segundo conto de "Casos do Romualdo", de João Simões Lopes Neto

1º de Abril de 2018. Dia da mentira. 54 anos do Golpe Militar. Final do Campeonato Gaúcho entre Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e Grêmio Esportivo Brasil. Páscoa... um dia de chuva e uma despedida. Luis Artur Borges Pereira. Um amigo.

Pelotas. Ano 5778 do calendário judaico. Ano 4716 do calendário chinês. Ano 5136 ou talvez ano 6 do novo calendário Maia. O tempo não é linear como pensamos. Há um movimento cíclico que não se faz em círculo. É uma espiral. Somos outro todos os dias, todas as manhãs. Recebemos uma oportunidade de recomeçar. Somos mais velhos, mais gordos, mais magros, mais chatos, mais alegres, mais fracos, mais fortes... Somos outro, somos outros. E nunca mais somos o mesmo.

Quem determina isso é a nossa determinação para tirar o máximo do mínimo. Somos nossos sonhos e da vontade, surge o nosso melhor. A nossa consciência de que podemos mais. E o Luisinho foi mais. Muito mais. Foi além...

Carregava em seu nome o peso de um dos maiores poetas da América Latina, o argentino Jorge Luis Borges, que segundo o Luisinho, não chegou a conhecer o "primo ilustre" que vivia em Pelotas. Mas isso foi apenas uma casualidade do destino, como a de se tornar também um poeta e escritor. Ficcionado pela obra do escritor pelotense João Simões Lopes Neto, era pesquisador e reconhecido como referência de sua obra.

A única contradição que Luisinho carregava era o contraste de seu tamanho com o seu "tamanho". Era um grande cara! Ensinava em suas palavras como o ser humano era e como poderia ser. Em como ter esperança na vida. Sua existência era inspiração pura. Sua empolgação, vibrante.

Quando questionamos os processos de educação que se mostram competitivos, incentivam a concorrência e afirmam nos atuais discursos neoliberais, que precisamos ter um "diferencial" para satisfazer as necessidades do mercado, havia o Luisinho para destruir isso e mostrar que não adianta nada ter um "diferencial" se a pessoal não for diferenciada para o mundo. Que baita parceiro! Que amigo para trocas filosóficas sobre arte, mídia, política, cultura! Um ícone das rodas de conversa na sala dos servidores.

Além de suas importantes contribuições para o IFSul, para as lutas sindicais do Sinasefe e para os eventos culturais de Pelotas, fez parte da organização de nossa Feira do Livro de Inverno, da Semana do Livro e da Biblioteca, e tantos e tantos outros eventos de arte e literatura, levando seu brilho para Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre.

Há poucos dias eu, ele e o Ricardo ficamos por horas discutindo, filosofando e tentando descobrir formas de como poderíamos salvar o mundo, o marxismo, a esquerda e a nós mesmos. Naquele momento, já estávamos salvos!

Sim, nosso amigo já era um imortal, ocupando a cadeira número 18 da Academia Pelotense de Letras, com direito a diversas obras como "História, Resistência e Projeto em Simões Lopes Neto" (2001), "Travessia do Pampa" (2003), "Quatro por 4" (2005), "Identidades Ameríndias" (2006) e a "Coleção Diga Vancê", uma edição publicada continuamente em fascículos que busca abordar autores e pesquisadores que se dedicaram aos estudos de João Simões Lopes Neto.

O Dia da Mentira é também o Dia do Romualdo, personagem do livro "Casos do Romualdo", última obra de João Simões Lopes Neto, escrita em 1914. O dia da despedida desse grande amigo, Luis Artur Borges Pereira, que retorna a sua origem... as estrelas.

 “Ao me homenagearem, estão reconhecendo a minha inserção no movimento social, onde sempre destaquei o papel político do educador, e não só a minha atividade em si, mas também a concepção que tenho de educação, como um fator de transformação social”. Estas foram as palavras proferidas pelo nosso amigo Luisinho, ao receber homenagem pelos seus 30 anos de dedicação ao magistério e atividades ligadas a cultura.

Gratidão amigo, por trazer tanto brilho e inspiração aos nossos dias!
Gratidão pelos ensinamentos, pelos momentos e pela troca!
Gratidão!
Segue em paz e no amor sempre!

Wagner Passos.

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